terça-feira, 29 de outubro de 2013

Homenagem ao Mestre Ubiracy Ferreira



O orum está em festa com a chegada do Mestre Ubiracy Ferreira. Que rufem os tambores! Um dos nomes mais significativos na história da luta do povo negro no estado de Pernambuco – Mestre Ubiracy Ferreira, fez a travessia na última sexta-feira (25 de outubro de 2013). Considerando a sua trajetória de vida e a projeção de suas ações para além do grupo BACNARÉ (Balé de Cultura Negra) e da comunidade de origem (Água Fria), a Casa do Carnaval rende homenagem a este ilustre personagem. A sua história de vida está entrelaçada com a trajetória da dança e das práticas religiosas afro-brasileiras em Pernambuco. Desde 1954, Mestre Bira (como é popularmente conhecido), dedica-se ao trabalho com as culturas populares, traçando como meta a transmissão dos seus saberes às novas gerações. Foi o primeiro dançarino negro a pisar no palco do Teatro de Santa Isabel. Durante a ditadura militar, resiste à intolerância religiosa e à perseguição policial aos terreiros de Candomblé, e encontra maneiras de não silenciar o seu batuque, trazendo ininterruptamente seu cortejo para as ruas seja no Carnaval,com o Maracatu de Baque Virado Sol Nascente; no São João,com o Acorda Povo e no ciclo natalino com o Guerreiro e o Pastoril Religioso Sol Nascente. 



Em 2013, o Bacnaré comemora 27 anos, com o orgulho de estampar em seu currículo diversas apresentações no exterior do Brasil, a exemplo da França, da Grécia, da Alemanha, da Polônia, da Espanha, da Inglaterra e de Taiwan (por três vezes). Leva para os palcos aproximadamente 50 bailarinos, trajados com figurinos e adereços específicos para cada espetáculo, confeccionados pelos próprios integrantes do balé. Interessado em formar novos agentes multiplicadores da cultura negra no interior do Bacnaré, Mestre Bira repassou os saberes e fazeres entre os jovens e crianças do balé. Toadas, fabrico das alfaias, afinação, execução do instrumento, aulas de percussão, oficinas de costura e bordados, tudo foi ensinado aos seus integrantes. Um ponto que merece destaque na trajetória de Ubiracy Ferreira foi o desejo de ampliar as suas práticas culturais a partir da formação. 


Parte desse objetivo já vem sendo realizado durante os ensaios do balé, com atividades que reforçam a auto-estima, a cidadania, além de garantir a preservação da cultura negra no Estado. Mestre Ubiracy e o Bacnaré têm o seu trabalho legitimado não só entre os seus próprios pares, mas também entre os diversos setores do poder público, Estado e Município. Salve Mestre Bira!

Mário Ribeiro
Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural – Casa do Carnaval/ Secretaria de Cultura

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